“Prazer e repulsa, fetichismo, instabilidade emocional, condutas sexuais ambíguas, rejeição, ciúmes e morte. Em “O Livro de Cabeceira”, Peter Greenaway orquestra uma sinfonia visual contando a trajetória de Nagiko (Vivian Wu), uma jovem japonesa, em busca do derradeiro prazer edípico. Ou, melhor dizendo, eléktrio.
Nagiko cresce em uma tradicional família japonesa, sua mãe morreu, e seu pai (Ken Ogata), escritor, a cria com a ajuda da tia (Hideko Yoshida). A cada ano, em seu aniversário, seu pai escreve de forma ritualística uma saudação em seu rosto e nuca, esse é o momento em que são mais próximos, a única possibilidade de contato físico em meio à pompa e austeridade japonesas. Aqui começa o fetiche de Nagiko pela escrita. Com a mãe ausente, não há competição no desenvolvimento do complexo de Elektra, seu único prazer físico vem do contato com o pai através da escrita. Com o tempo, passa a aguardar ansiosamente o momento de sentir o contato do pincel com a pele, o gosto da tinta na boca. Sua tia a presenteia com um livro de uma escritora japonesa do final do século dez, chamada Sei Shonagon, o Livro de Cabeceira. Nesse livro, a autora escreve listas de coisas que lhe agradam, histórias de sua vida e principalmente de seus amantes.
Com uma direção de arte maravilhosa esse filme pode ser considerado uma orgia visual para os amantes das artes.
A luz, completamente expressiva, muitas horas faz dos planos quadros pintados a mão.
Neste filme foi utilizado um programa de montagem chamado paint box, que possibilita diversas formas de fusão e sobreposição. Fazendo uso desse programa, e inspirado nos sistemas orientais de escrita através da associação de símbolos – em que a fusão de duas palavras de significados diferentes e não correlatos à primeira vista gera uma terceira palavra, que seria um amálgama das que a originaram –, ele constrói imagens que chegam a unir seis planos diferentes em um único, a tela se divide entre texto escrito, passado, presente e pensamento. É praticamente impossível acompanhar cada um dos planos sobrepostos, e o objetivo não é esse. É, antes, que se obtenha uma impressão final da união de todos esses planos. Esse é um ponto básico da filmografia de Greenaway, o excesso de informação, excesso de referências visuais. No momento da morte de Jerome (Ewan Mcgregor), o editor abre em um computador imagens de quadros a óleo. São representações de São Jerônimo (342-420) que, quando jovem, era estudante de literatura pagã e traduziu a bíblia para o latim.
O Objetivo de Greenaway é que cada um tenha sua própria interpretação da obra, coisa que ele transferiu para suas apresentações multimidiaticas.
Essa “personalidade” e “liberdade de interpretação” que as obras de Greenaway normalmente nos dão, fazem cada experiência única e isso é apenas um dos grandes talentos de Greenway, fazer com que uma obra se desdobre em milhões.
Não conhecia, fiquei curioso, vou procurar assistir. Obrigado.
ResponderExcluirEvandro,
ResponderExcluirBom dia. Tem uma surpresa para você lá no meu blog. Espero que goste. É mais do que merecido.
Dá uma olhada lá.
Um abraço.
De movimento da alma você entende muito bem! Excelente Blog.
ResponderExcluirAdorei a sua visita fique a vontade para sugestoes..
potedesonhos@hotmail.com
www.potedesonho.blogspot.com
Interessante a obra de Greenaway, realmente foi algo inédito pra mim, não o conhecia. Agradeço suas gentis palavras no meu blog, admito que vc tem plena razão. Escrever é algo que move nossa alma e nosso coração. Parabéns pelo blog!
ResponderExcluirhttp://ztesis.blogspot.com
Este filme é poesia pura!
ResponderExcluirQue bom conhecer teu espaço!
Abraço!