domingo, 14 de novembro de 2010

Chico Buarque na TV



O casamento de Ary está nas últimas. Uma briga com a mulher desencadeia a peregrinação pelos bares de São Paulo. Ele corre a avenida Paulista, desce a rua Augusta, alcança o viaduto do Chá, passa pelo edifício Copan.

Nessa busca por sabe-se lá o quê, ele conhece Vera. A companhia é agradável. O sexo, inesquecível. Paixão instantânea. No dia seguinte, vem a conta: Vera é prostituta, ele não sabia. E cobra de Ary a noitada --ironicamente, a mais romântica que ele teve nessa sua triste vida.

Assim, resumido, o argumento de "Folhetim", um dos quatro episódios da microssérie "Amor em Quatro Atos", que estreia na TV Globo em janeiro, parece até ter sido inspirado por algum conto de "A Vida como Ela É", de Nelson Rodrigues.

Mas não. Foi a letra da canção homônima de Chico Buarque (aquela dos versos: "Se acaso me quiseres, sou dessas mulheres que só dizem sim") que conduziu o roteiro do episódio, trouxe seus personagens e, no fim, que vai render sua trilha sonora.

O mesmo vai acontecer com os versos de "Vitrines", "Mil Perdões", "Construção" e "Ela Faz Cinema", canções de Chico em que os roteiristas Antonia Pellegrino, Marcio Alemão Delgado, Estela Renner e Tadeu Jungle foram buscar as outras histórias.

O projeto foi criado por Rodrigo Teixeira, que comprou os direitos de dez canções de Chico para este e outros fins.

PACOTE CHICO

Já está publicado, pela Cia. das Letras, o livro "Essa História Está Diferente", em que dez escritores criaram contos sobre as músicas do compositor. Baseado em "Olhos nos Olhos", Karim Aïnouz está produzindo o longa "Eclipse da Violeta" para o cinema.

"Amor em Quatro Atos" completa o pacote na TV. Coprodutora do projeto, a Globo disponibilizou alguns de seus atores para a série.

Entre eles estão Carolina Ferraz, Malvino Salvador, Vladimir Brichta, Alinne Moraes, Marjorie Estiano, Dalton Vigh e Camila Morgado.

A supervisão geral ficou sob os cuidados de Roberto Talma. A direção foi dividida entre Talma ("Mil Perdões"), Tadeu Jungle (capítulo que une "Construção" e "Ela Faz Cinema") e Bruno Barreto.

Barreto é o único que assina dois episódios. O cineasta está tratando "Folhetim" e "Vitrines" como duas metades de uma única história. Um longa de 80 minutos.

Depois que se apaixonar pela prostituta em "Folhetim", Ary passa todo o episódio "Vitrines" obcecado por ela. Segue seus passos às escondidas, como diz a canção, "catando a poesia que [ela] entorna no chão".

"Outro dia, brinquei com o Chico [Buarque]", conta. "Nos anos 70, ele fez uma música ['O que Será'] para o meu filme 'Dona Flor e Seus Dois Maridos'. Agora, faço um filme para músicas dele. Enfim, estamos quites."

Se o formato pegar, podemos esperar canções de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Tom Jobim virando histórias em futuras noites da Globo.

                                                          Fonte: Ilustrada, Folhaonline

Um comentário:

  1. O mestre Chico como sempre é total inspiração.
    Estou na expectativa pelos episódios em janeiro.
    Abração do amigo "Calcanhar" aqui.

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