domingo, 14 de novembro de 2010

O Signo da Cidade


Acabei de assistir o Signo da Cidade, dirigido por Carlos Alberto Riccelli e com roteiro de Bruna Lombardi, um holograma da cidade de São Paulo, suas personagens e suas perdas, memórias, conflitos e busca pela felicidade.
O destino das pessoas é como se fossem teias de aranha, que se entrelaçam e fazem com que as pessoas se esbarrem, se conheçam, se amem.... esse é o mistério desse filme.Histórias de pessoas que se entrelaçam na grande metrópole paulistana acompanhados pelo ponto de vista de uma astróloga que vive os traumas das pessoas como se fossem seus próprios. Bruna Lombardi, graciosamente faz o papel de Teca, mulher que segundo ela mesma “Lê as Estrelas” tem um programa de rádio, vitima de um recente divorcio a doença terminal de um pai que mal conhece, ela se vê envolta aos seus próprios problemas e os anseios das pessoas anônimas que buscam respostas para seus problemas em seu programa de rádio.
Junto a Teca, o filme entrelaça a vida de inúmeras pessoas como se fossem Teias Astrais do destino, fazendo com que a vida de todos se esbarrem uma nas outras em determinado momento do filme, mostrando como as nossas ações refletem nas pessoas do nosso cotidiano.
Ao mesmo tempo o filme reflete em diversos momentos a fragilidade da vida humana e como às vezes uma simples palavra de apoio é necessária para aquela pessoa que está frente a seus olhos pedindo apenas um momento mutuo de afeto. Apesar de todos esses detalhes o filme não é frágil, muito pelo contrário, os acontecimentos nas vidas das pessoas são tão rápidos que em inúmeros momentos ou em determinadas situações você com certeza se vê na ação vivida por tal personagem, pode-se dizer que o filme é como se fosse um grande elevador com altos e baixos e inúmeras pessoas entrando e saindo dele, deixando uma pequena parte delas para a ascensorista.
Bruna Lombardi está fantástica, assim como figurino, maquiagem e cenário, o filme é um complemento místico e ético para a cidade de São Paulo. A postura poética que Bruna Lombardi leva em todas as cenas é de encher o coração e refletir sobre a vida, ela se destaca perfeitamente como roteirista e atriz, está excelente, posso dizer que está na sua melhor fase da vida, pois uma personagem mística e ao mesmo tempo misteriosa e humana como Teca é a coisa mais difícil de ver hoje em dia. Não podemos esquecer da excelente direção de Carlos Alberto Riccelli, que transformou a cidade de São Paulo que nós conhecemos em um local mágico e misterioso a ser desvendado, visto e deslumbrado pelos olhos de Teca.
Um fator interessante que é visto nesse filme, é o estilo Europeu de roteiro, o filme começa no meio e termina no meio, deixando de lado o final conclusivo que se existe em todos os filmes americanos. O filme começa e as pessoas já estão lá, aparentemente escolhidas a dedo para serem filmadas suas vidas, intimidades, desejos e posturas e quando o filme encerra, as pessoas continuam lá, vivendo suas vidas e você para e se pergunta “O que aconteceu depois disso?” Esse é o grande mistério, isso que realmente encanta no filme.
O filme deve ser visto e sentido, pois ele toca de diversas formas e fecha com chave de ouro, na voz de Maria Bethânia cantando Sorte.






Poema de Sombra

"Se perdem gestos, cartas de amor, malas, parentes
Se perdem vozes, cidades, países, amigos
Romances perdidos, objetos perdidos, histórias se perdem.

Se perde o que fomos e o que queríamos ser.
Se perde o momento, mas não existe perda, existe movimento."
                                                             
                                                                     Bruna Lombardi

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