domingo, 30 de janeiro de 2011

Rebú



Ontem fui ao teatrro e óbvio que vou compartilhar com vocês esse momento.

Saí de casa achando que ia ver um" teatrão", termo que uso para espetáculos quadrados que não trazem nada de novo. Enganei-me, Rebú é arrebatador.

Com um trama simples que remete ao estilo dos folhetins de época: os recém-casados Bianca e Matias tem sua felicidade conjugal atrapalhada pela chegada da sorumbática Vladine, irmã de Matias que supostamente se encontra à beira da morte. Ranzinza e cheia de exigências, a megera enlouquece a cunhada com suas demandas impossíveis. Como se não bastasse, ainda traz consigo outro hóspede cheio de particularidades: Nathaniel – falar mais sobre ele é estragar uma excelente surpresa. Mas nada como um dia depois do outro. Bianca aguenta as desfeitas calada, até o dia em que descobre algo que usará sem piedade contra Vladine. No meio do fogo cruzado entre as duas mulheres de sua vida, Matias não percebe a bomba-relógio prestes a explodir. E o público, tão indeciso quanto ele, terá dificuldades em eleger uma vilã.

Um espetáculo com direção, cenografia e toda concepção teatral cuidadosamente pensada de modo a potencializar e ressaltar a interpretação dos atores. Sobre um tablado de madeira vazio, com apenas uma cortina ao fundo e tendo a iluminação como principal recurso dramático, os ótimos Carolina Pismel, Júlia Marini, Paulo Verlings e Diego Becker se digladiam numa história repleta de jogos de poder, rompantes de ciúme, promessas de amor e fidelidade, segredos tenebrosos e reviravoltas melodramáticas – sem contar a deliciosa pitada de surrealismo inserida pelo personagem Nathaniel.

A direção firme e precisa de Vinícius Arneiro entrega um espetáculo vibrante e cheio de tensão, mas igualmente temperado por um humor bastante refinado. Num equilíbrio perfeito entre o trágico e o cômico, o espetáculo mantém o espectador de olhos bem abertos para a explosão de variadas emoções que brotam de cada um dos atores, numa encenação que certamente os deixa esgotados fisicamente, dada a intensidade com que eles se entregam à cena.

Também não se pode deixar de notar a beleza das partituras de movimentos, que muitas vezes se assemelham a passos de tango ou dança flamenca (explorada por conta do tablado de madeira). Mais do que uma mera coreografia, a movimentação dos atores em cena parece captar o espírito de intenso drama dessas artes. A iluminação – perfeita! – busca inspiração no cinema, em especial no expressionismo alemão, e diz muito mais com suas luzes e sombras do que qualquer cenário ou acessório decorativo.

Rebú é um espetáculo, no real e completo sentido da palavra, e tem que ser visto por todos, mas sobretudo por quem trabalha com linguagem teatral. É uma aula.

Hoje é a última oportunidade, se você está no Rio de Janeiro, tenha certeza que vale muito ir ao Centro Cultural da Caixa no largo da carioca.

Rebú - Centro Cultural da Caixa - Rio de Janeiro 
Av. Amirante Barroso, 25 , Centro ( Metrô Carioca)
19 horas
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia) 
Bilheteria: de 10h as 20h.  
Fone 21 2544 4080 


4 comentários:

  1. Evandro, vou ficar só na vontade de ir!
    Pela tua Sinopese, esse teatro é espetacular.
    Abraços e um Ótimo Domingo

    ResponderExcluir
  2. Se peças como essa passassem pela minha cidade, com mais frequência, certamente iria. Pela sua descrição, a peça é muito boa. Das poucas peças que tive oportunidade de assistir, uma foi a adaptação do conto homônimo de Caio F. Abreu "Aqueles dois", da Cia Luna Lunera. Cenário simples, impecável, texto e atuação muito boa. Até escrevi sobre ela no meu blog. Se tiver chance de assistir, é uma boa dica.

    Abç!

    ResponderExcluir
  3. Fquei animado com a sua descrição da peça...pena q não moro no Rio!

    bjoxxxxxxxxxxxxx querido!

    ResponderExcluir
  4. Muito bacana seu post. gostaria de viver numa metrópole para ter teatro de boa qualidade assim. Um abraço.

    ResponderExcluir