Dirigidos por João Fonseca, quatro atores encenam a clássica história de Romeu e Julieta
Talvez a história de amor mais conhecida de todos os tempos, ‘Romeu e Julieta’ perdura há quatro séculos como inesgotável objeto de fascínio, estudo e admiração. Em meio a uma infinidade de teses, montagens, filmes e adaptações do original de Shakespeare (1564-1616), a ousadia de um espetáculo chamou a atenção no disputado circuito londrino e também no Off-Broadway. Ao reencenar o clássico através de quatro alunos de um colégio interno na Inglaterra, o autor Joe Calarco fez de ‘Shakespeare’s R & J’ (no original) o grande destaque teatral de 1997, quando arrebatou a crítica e ganhou os mais importantes prêmios locais. Depois de uma bem-sucedida estreia, ‘R & J de Shakespeare - Juventude Interrompida’ - a versão brasileira do texto – fará uma nova temporada, a partir de 09 de fevereiro, no Teatro Gláucio Gill. Dirigidos por João Fonseca, João Gabriel Vasconcellos, Felipe Lima, Pablo Sanábio e Rodrigo Pandolfo formam o quarteto que se reveza entre todos os personagens da tragédia.
O ponto de partida é inusitado: em uma escola católica extremamente conservadora, quatro estudantes exploram ‘Romeu e Julieta’ como uma fuga da repressão em que vivem, e através disso exploram suas próprias sexualidades. Eles começam a ler – e depois a ‘viver’ propriamente – todos os diálogos e emoções do clássico. Sem trocas de roupas ou de cenário, a tragédia se desenrola basicamente através das atuações e do jogo cênico proposto por Calarco, com a ‘peça dentro da peça’.
O diretor vai ainda prestar homenagem a conhecidas versões da história original. Algumas cenas serão pontuadas com músicas e outras menções a ‘West Side Story’, aos filmes de Franco Zeffirelli e de Baz Luhrmann e à incensada montagem do Grupo Galpão e do diretor Antunes Filho.
Geraldinho Carneiro assina a versão brasileira do texto, composto em sua essência pelos versos originais de Shakespeare. O poeta tem no currículo elogiadas traduções de ‘A Tempestade’, ‘As You Like It’, ‘Antonio e Cleópatra’ e uma série de sonetos shakespearianos, que receberam, inclusive, o aval de Millôr Fernandes, decano da tradução brasileira. ‘É um privilégio ter um poeta como o Geraldinho no projeto. Ele está muito integrado, vem nos acompanhando, já foi aos ensaios, é uma honra’, conta João.
‘R & J de Shakespeare - Juventude Interrompida’ é a terceira incursão do diretor pelo bardo inglês. Em 2000, ele montou com sua companhia, Os Fodidos Privilegiados, duas peças do autor até então inéditas por aqui: ‘Tímon de Atenas’ e ‘Troilo e Créssida’, em sua primeira direção sem a parceria com Antonio Abujamra, fundador do grupo. Foi mais ou menos nesta época em que ele tomou conhecimento do texto de Joe Calarco, assunto que retomou em uma conversa recente com Pablo Sanábio. Ao lado de Felipe Lima, Pablo – que, além dos trabalhos como ator, tem larga experiência no campo de produção – adquiriu os direitos do texto e vem há dois anos batalhando pelo patrocínio.
Logo em seguida, Rodrigo Pandolfo se juntou à dupla no projeto. Apontado como uma das mais principais revelações do teatro carioca recente, Pandolfo já acumula duas indicações ao Prêmio Shell de Teatro na categoria ator, pelos espetáculos ‘Cine-Teatro Limite’ e ‘O Despertar da Primavera’. Este último rendeu ainda o troféu de Melhor Ator Coadjuvante da Associação de Produtores Teatrais do Rio de Janeiro (APTR). Para completar o elenco, o grupo convidou João Gabriel Vasconcellos, que estreou no teatro com ‘Formas Breves’, de Bia Lessa, logo após protagonizar o polêmico longa ‘Do Começo ao Fim’, de Aluizio Abranches.
Crítica de Bárbara Heliodoro:
"Brincando com Shakespeare
Aproveitando a tradição inglesa (e um pouco também americana) de se montar bom teatro no colégio, Joe Calarco fez uma brilhante adaptação de “Romeu e Julieta” para quatro jovens atores, que foi fluentemente traduzida por Geraldo Carneiro. É difícil saber se, como Shakespeare na “Megera domada”, o autor esqueceu de criar um final que concluísse o início passado na escola, ou se a precipitação no aplauso impede os atores de completar o espetáculo. Mas Calarco corta muito bem o texto, deixando o básico para ser contada a história dos amantes de Verona, e tornando o texto mais acessível a atores jovens, e a única ressalva é fazer, como muitos outros, a cena do balcão em um só plano. O texto é tratado com carinho pelo tradutor, e os quatro atores apresentam quatro colegiais que sabem do que estão falando. Se eles brincam um pouco com Shakespeare, este haveria de gostar de os ver tendo intimidade com sua peça.
Encenação despojada e concisa
A encenação, em cartaz até o fim da semana na Arena do Espaço Sesc, em Copacabana, é despojada e concisa. O cenário de Nello Marrese, um círculo de madeira com áreas projetadas em quatro pontos, mesas e cadeiras escolares, é atraente e adequado, e ótimos são os figurinos de Ruy Cortez, ao mesmo tempo uniforme e material para marcar os diferentes personagens. A trilha de André Aquino e João Bittencourt é muito boa, e o movimento de Rafaela Amado leva em conta tanto a história quanto a juventude dos intérpretes. A direção de João Fonseca é firme e imaginativa, pois acerta muito bem o duplo alvo de servir à peça original em si e à condição de improviso de jovens apresentado na peça de Calarco.
O nível de interpretação do quarteto de atores é bom como conjunto e como trabalho individual: Felipe Lima é o que atua menos, mas se sai bem no que faz. João Gabriel Vasconcellos (Romeu) e Rodrigo Pandolfo (Julieta) estão muito bem tanto nos protagonistas da tragédia como nos outros pequenos papeis que desempenham, e Pablo Sanábio mostra excepcional firmeza de ator tanto como Frei Loureço quanto como a Ama de Julieta, afora outras pequenas intervenções; juntos, formam um elenco de categoria acima do que costuma ser a média em nossos palcos.
“R & J de Shakespeare — Juventude interrompida” é um espetáculo mais do que gratificante, principalmente porque mostra que o riso crítico pode estar presente e chegar ao público com efeito bem mais agradável do que a usual queda para a chanchada; diretor e jovem elenco sabem o que estão fazendo, e o fazem muito bem."
Encenação despojada e concisa
A encenação, em cartaz até o fim da semana na Arena do Espaço Sesc, em Copacabana, é despojada e concisa. O cenário de Nello Marrese, um círculo de madeira com áreas projetadas em quatro pontos, mesas e cadeiras escolares, é atraente e adequado, e ótimos são os figurinos de Ruy Cortez, ao mesmo tempo uniforme e material para marcar os diferentes personagens. A trilha de André Aquino e João Bittencourt é muito boa, e o movimento de Rafaela Amado leva em conta tanto a história quanto a juventude dos intérpretes. A direção de João Fonseca é firme e imaginativa, pois acerta muito bem o duplo alvo de servir à peça original em si e à condição de improviso de jovens apresentado na peça de Calarco.
O nível de interpretação do quarteto de atores é bom como conjunto e como trabalho individual: Felipe Lima é o que atua menos, mas se sai bem no que faz. João Gabriel Vasconcellos (Romeu) e Rodrigo Pandolfo (Julieta) estão muito bem tanto nos protagonistas da tragédia como nos outros pequenos papeis que desempenham, e Pablo Sanábio mostra excepcional firmeza de ator tanto como Frei Loureço quanto como a Ama de Julieta, afora outras pequenas intervenções; juntos, formam um elenco de categoria acima do que costuma ser a média em nossos palcos.
“R & J de Shakespeare — Juventude interrompida” é um espetáculo mais do que gratificante, principalmente porque mostra que o riso crítico pode estar presente e chegar ao público com efeito bem mais agradável do que a usual queda para a chanchada; diretor e jovem elenco sabem o que estão fazendo, e o fazem muito bem."
Temporada de 9 de fevereiro a 2 de março
Teatro Gláucio Gill
Praça Cardeal Arcoverde, s/n° - Copacabana.
Tel: 2547-7003.
Terças e quartas, às 21h.
Ingressos a R$ 20 (inteira) e R$ 10,00 (meia)
Classificação indicativa: 16 anos
Duração: 105 minutos
Fonte:Assessoria de Imprensa - Uns Comunicação
Amigos que estão no Rio de Janeiro, essa é sem dúvida uma das melhores peças que vi.
ResponderExcluirVamos ao teatro!
Vamos ao teatro! muito bem destacado! Desligue a Tv e vá ao teatro - eu aprovo!
ResponderExcluirQue trabalho mais rico, é realmente de se impressionar com os detalhes que foram pensados e com a capacidade em fazer o novo de coisas que não ficaram velhas, sabe? um ótimo trabalho para se comentar.
Ahh, obrigado! fico realmente feliz pelas palavras :)
E não sabia, tu também gosta dos trabalhos do Todd Solondz? vi no slide acima imagens de três filmes dele. São fantásticos, não são?
Um abraço! boa sexta!
Adoro Shakespeare, essa peça rompe as paredes invisíveis do tempo e se atualiza a cada montagem, provando que Romeu e Julieta é uma obra prima, um clássico universal.
ResponderExcluirAbraços Evandro e Ótima Sexta!
Nossa como queria morar no Rio para assistir.
ResponderExcluirConsertei o código, foi erro meu.
ResponderExcluirAgora vc pode tentar de novo que vai dar certo.
T+
Walison
http://downloadcult.blogspot.com/
Que luxo!
ResponderExcluirEu vou!
Isto aqui ta cada vez melhor!
Abração!
Oi Evandro. Adorei seus comentários acerca da peça. Pelo menos, passando por aqui, aqueles que não podem ver a peça ficam mais antenados com o que está acontecendo. Fico feliz por isso. Um abraço!
ResponderExcluirFui ao sesc de copacabana e os ingressos acabaram na minha vez.Agora vou ao Gláucio Gil e espero ter o prazer de assistir tambem.
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