quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

The Pillow Book, Peter Greenaway

 

“Prazer e repulsa, fetichismo, instabilidade emocional, condutas sexuais ambíguas, rejeição, ciúmes e morte. Em “O Livro de Cabeceira”, Peter Greenaway orquestra uma sinfonia visual contando a trajetória de Nagiko (Vivian Wu), uma jovem japonesa, em busca do derradeiro prazer edípico. Ou, melhor dizendo, eléktrio.
Nagiko cresce em uma tradicional família japonesa, sua mãe morreu, e seu pai (Ken Ogata), escritor, a cria com a ajuda da tia (Hideko Yoshida). A cada ano, em seu aniversário, seu pai escreve de forma ritualística uma saudação em seu rosto e nuca, esse é o momento em que são mais próximos, a única possibilidade de contato físico em meio à pompa e austeridade japonesas. Aqui começa o fetiche de Nagiko pela escrita. Com a mãe ausente, não há competição no desenvolvimento do complexo de Elektra, seu único prazer físico vem do contato com o pai através da escrita. Com o tempo, passa a aguardar ansiosamente o momento de sentir o contato do pincel com a pele, o gosto da tinta na boca. Sua tia a presenteia com um livro de uma escritora japonesa do final do século dez, chamada Sei Shonagon, o Livro de Cabeceira. Nesse livro, a autora escreve listas de coisas que lhe agradam, histórias de sua vida e principalmente de seus amantes.
Com uma direção de arte maravilhosa esse filme pode ser considerado uma orgia visual para os amantes das artes.
A luz, completamente expressiva, muitas horas faz dos planos quadros pintados a mão.
Neste filme foi utilizado um programa de montagem chamado paint box, que possibilita diversas formas de fusão e sobreposição. Fazendo uso desse programa, e inspirado nos sistemas orientais de escrita através da associação de símbolos – em que a fusão de duas palavras de significados diferentes e não correlatos à primeira vista gera uma terceira palavra, que seria um amálgama das que a originaram –, ele constrói imagens que chegam a unir seis planos diferentes em um único, a tela se divide entre texto escrito, passado, presente e pensamento. É praticamente impossível acompanhar cada um dos planos sobrepostos, e o objetivo não é esse. É, antes, que se obtenha uma impressão final da união de todos esses planos. Esse é um ponto básico da filmografia de Greenaway, o excesso de informação, excesso de referências visuais. No momento da morte de Jerome (Ewan Mcgregor), o editor abre em um computador imagens de quadros a óleo. São representações de São Jerônimo (342-420) que, quando jovem, era estudante de literatura pagã e traduziu a bíblia para o latim.
O Objetivo de Greenaway é que cada um tenha sua própria interpretação da obra, coisa que ele transferiu para suas apresentações multimidiaticas.
Essa “personalidade” e “liberdade de interpretação” que as obras de Greenaway normalmente nos dão, fazem cada experiência única e isso é apenas um dos grandes talentos de Greenway, fazer com que uma obra se desdobre em milhões.

5 comentários:

  1. Não conhecia, fiquei curioso, vou procurar assistir. Obrigado.

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  2. Evandro,
    Bom dia. Tem uma surpresa para você lá no meu blog. Espero que goste. É mais do que merecido.
    Dá uma olhada lá.
    Um abraço.

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  3. De movimento da alma você entende muito bem! Excelente Blog.
    Adorei a sua visita fique a vontade para sugestoes..
    potedesonhos@hotmail.com
    www.potedesonho.blogspot.com

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  4. Interessante a obra de Greenaway, realmente foi algo inédito pra mim, não o conhecia. Agradeço suas gentis palavras no meu blog, admito que vc tem plena razão. Escrever é algo que move nossa alma e nosso coração. Parabéns pelo blog!

    http://ztesis.blogspot.com

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  5. Este filme é poesia pura!
    Que bom conhecer teu espaço!
    Abraço!

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