domingo, 12 de dezembro de 2010

Carmen por Ruy Castro







 Sempre gostei de ler biografias, de certa forma mergulhamos não apenas na vida do biografado, como também  viajamos à  uma época. 'Carmen', de Ruy Castro, é a biografia da brasileira mais famosa do século XX. Ano a ano, o autor acompanha a vida de Carmen - do nascimento da menina Maria do Carmo, numa aldeia em Portugal (e a vinda ao Rio de Janeiro, em 1909, com dez meses de idade), à consagração brasileira e internacional de Carmen Miranda e sua morte em Beverly Hills, aos 46 anos, vítima da carreira meteórica e dos muitos soníferos e estimulantes que massacraram seu organismo em pouco tempo. Mas 'Carmen' não é apenas uma biografia. Enquanto entrelaça a intimidade e a vida pública da maior estrela do Brasil, Ruy Castro nos leva a um passeio pelo Rio dos anos 20 e 30, e por Nova York e Hollywood dos anos 40 e 50 - cenários em que é especialista. Além disso, o autor resgata a história da música popular brasileira, da praia, do Carnaval, da juventude do passado, da Rádio Mayrink Veiga, do Cassino da Urca, da Broadway, dos gângsteres que dominavam os nightclubs americanos e dos bastidores dos estúdios de cinema - numa época em que para estrelas como Carmen, as noites não tinham fim.

 Carmen Miranda, além de ser esse acontecimento complexo que colocou o Brasil da primeira metade do outro século no mapa, é, para completar, uma eterna crise de identidade. Quando estava no Brasil, Carmen era acusada de ser “portuguesa” – pois, de fato, nasceu em Portugal. Quando estava nos Estados Unidos, era acusada por David Nasser d’O Cruzeiro – “no auge da canalhice”, segundo Ruy – de não saber mais falar português. Quando de seu primeiro retorno ao Brasil, desembarcou para um show no Cassino da Urca e não teve dúvida, cumprimentou o público: “Hello people”. Para tascar, logo em seguida, “South American Way”. Depois, para consertar ou rebater as críticas, gravou “Disseram que voltei americanizada”. Para os americanos, era mais uma “latina” (entre tantas) que, no seu circo étnico, associavam às mexicanas cantadoras de rumba. Para ela própria, não era nada disso: era a mãe frustrada, que realizou um aborto, teve outro espontâneo, casou-se mal e morreu em conseqüência desse arranjo. 












5 comentários:

  1. Obrigado Evandro :)

    Sem luta nem esforço não chegamos a lado nenhum e se nos for tudo dado de mão beijada, o dia em que essas pessoas não estejam mais, vamo-nos sentir sozinhos e frustrados por não conseguir nada.

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  2. Obrigado por seu comentário em meu texto. Vim retribuir e encontrei um blog interessantíssimo, acompanharei certamente.

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  3. Maravilha de Post!
    Carmem Miranda é a Cara do Brasil!
    Acho ótimo vc ter ressaltado a crise de identidade, pois muita gente até hoje fica dizendo isso ou aquilo e ninguém vê que a Carmem sintetizou o nosso estilo tropical... a nossa alegria... mas me entristeço quando vejo que ela foi triste... mas quem não tem suas tristezas... etha vida doída! Mas fica a alegria!
    Amo Carmem Miranda!
    Sou teu fã numero 1 Evandro!

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  4. Carmem Miranda fez um sucesso imenso na América. E naquela época, os americanos não aceitavam muito o sucesso "estrangeiro" em suas terras, basta ver o que fizeram com Chaplin.
    Mas Carmem foi um ícone e já falei sobre ela também no meu blog.
    GRande homenagem.
    Abraço e bom domingo.

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  5. Querido,muito obrigada pelo comentário carinhoso que deixaste em meu blog.
    Fico feliz ao perceber que meu espaço,feito com tanto carinho,consegue tocar um pouco nas pessoas.
    Um lindo domingo pra ti.

    Abraço.

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